Pra que cantar com alegria?
Persegui o sabor no perigo das entregas. Voltei depois que os dias findaram e as brechas das passagens se desfizeram com as minhas partidas. Não encontrei o brilho fosco e o observei calada enquanto, deitado, você desenhava um sorriso vão, traçado no melhor do abraço que deixava sempre guardado. De noite, no deserto que sustentei sob a língua, perdia a luz que do firmamento prateava o pranto dos meus temores enquanto ouvia o barulho surdo no seu peito. Brinquei que a vida deveria ser mais mistério que significâncias, mas você não acreditou. Então, mesmo no desengano que trazia entre os dedos, revelei a cor forte que me traduzia em milimétricos ardores.
Favor esquecer o nome deste sonho quando acordar e meu rastro for um cheiro desnascido entre seus pêlos, diz o bilhete.
Ao que replico: nem no escuro que brota dos meus sorrisos de agora você poderá encontrar refúgio, nem no desejo que um dia tanto desperdicei, porque nunca, em canto ou encanto algum, te encontrei.
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