Pra que cantar com alegria?
Persegui o sabor no perigo das entregas. Voltei depois que os dias findaram e as brechas das passagens se desfizeram com as minhas partidas. Não encontrei o brilho fosco e o observei calada enquanto, deitado, você desenhava um sorriso vão, traçado no melhor do abraço que deixava sempre guardado. De noite, no deserto que sustentei sob a língua, perdia a luz que do firmamento prateava o pranto dos meus temores enquanto ouvia o barulho surdo no seu peito. Brinquei que a vida deveria ser mais mistério que significâncias, mas você não acreditou. Então, mesmo no desengano que trazia entre os dedos, revelei a cor forte que me traduzia em milimétricos ardores.
Favor esquecer o nome deste sonho quando acordar e meu rastro for um cheiro desnascido entre seus pêlos, diz o bilhete.
Ao que replico: nem no escuro que brota dos meus sorrisos de agora você poderá encontrar refúgio, nem no desejo que um dia tanto desperdicei, porque nunca, em canto ou encanto algum, te encontrei.
Marcadores: Conto
6 Comments:
Cantamos encantos e desencantos: dos encontros e desencontros, nascem nossas linhas, laços, nós, espaços, notas, pautas, contrapontos, silêncios, ternuras, risos, vozes, dores e ardores...
Bom te revisitar. Deixo meu beijo dourado.
Belo!
Abvçs de poeta!
Oi Ivan!!! Estou passando por aqui pra dizer que voltei a atualizar meu blog e como vc sempre passava por lá achei que pudesse gostar da notícia rsrs. Beijo.
Belo... intenso!
Abraço, meu caro
Brunø
Muito bom, rapaz!
Te convido a conhecer o blog
caramelinhos.blogspot.com
abraço Jardineiro
"Persegui o sabor no perigo das entregas".
Entrega realmente rima com perigo, a gente se joga no amor e ás vezes ele não nos acolhe...
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